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quarta-feira, 18 de março de 2020

Fundos imobiliários acumulam desvalorização de 21% em 2020

Fundos imobiliários acumulam desvalorização de 21% em 2020


Incertezas acerca do coronavírus influenciam saída de investidores


Além de derrubar o valor das ações, o baque provocado pelo coronavírus
no mercado financeiro afeta também uma das alternativas de investimento mais indicada 
pelos analistas nos últimos meses, 
os fundos imobiliários. Em 2020, em menos de três meses, as cotas dos dois fundos 
mais negociados no mercado brasileiro já devolveram toda a valorização 
de 2019.

XP Malls e HSI Malls – ambos fundos do tipo tijolo (que têm o objetivo de comprar ou 
construir imóveis para alugar e gerar uma renda mensal) e que têm seus investimentos 
majoritariamente destinados em empreendimento de shopping centers– apresentam queda 
de 33% e 32% no ano até agora, respectivamente, nos preços de suas cotas.

O Ifix (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários da B3), acumula queda de 
21% no ano. Em 2019, se valorizou 36%.

O movimento é acompanhado pelos cinco fundos imobiliários mais negociados na 
Bolsa brasileira – todos com retrações de dois dígitos neste ano.

O principal motivo, segundo especialistas, é a maior incerteza em relação ao coronavírus 
– situação que influencia uma corrida à venda de ativos e, consequentemente, 
traz uma volatilidade maior ao mercado e queda nos preços das cotas.

O risco de mercado está diretamente atrelado à oscilação dos preços. Já o risco de 
liquidez é definido pela possibilidade de perda de capital e pela incapacidade de 
liquidar determinado ativo sem perda de valor.

O primeiro impacto deve ser nos fundos de shopping e hotéis, que são mais prejudicados 
pela queda do consumo devido ao coronavírus.

“Quando a expectativa é alterada, impacta o preço da cota dos fundos. Se empresas tiverem 
uma crise mais profunda nos próximos meses, há possibilidade de rendimento menor 
com desocupação de locações”.

Já fundos de aluguéis comerciais tendem a ter um impacto menor, por receberem, 
obrigatoriamente, o valor mínimo do aluguel.

“A duração da crise que vai determinar o impacto nos fundos. 
Se a empresa devolver um imóvel na Faria Lima ou em Cajamar, 
ela não consegue retomar para esses locais depois. As pessoas vão esperar o pico da 
pandemia passar para tomar esse tipo de decisão”, afirma o especialista.

A região da avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, 
abriga o novo centro financeiro do país, com elevados aluguéis. Cajamar, 
no interior de São Paulo, é conhecida como a Faria Lima dos galpões e abriga 
complexos industriais e logísticos de grandes empresas devido a sua localização 
estratégica.
 
Ainda que os fundos mais atrelados à atividade econômica possam sofrer mais, os ativos não devem demorar a retomar o movimento de valorização.

As carteiras de maior risco sofrem mais nesse primeiro momento. 
A incorporação pode custar mais e a rentabilidade pode cair. 

Segundo especialistas, o movimento mais preocupante é o tamanho e a forma que a pressão 
vendedora está ganhando nos mercados.

Operadores do mercado afirmam que muitas pessoas estão vendendo FII porque perderam liquidez 
no Tesouro Direto e não estão conseguindo resgatar de fundos multimercado e de renda fixa, 
que têm de 12 a 120 dias para depositar o resgate. Os resgates seriam tanto uma forma de 
proteção de capital, como alavancagem para aproveitar a baixa da Bolsa e comprar ações.

Os fundos são um mercado mais líquido, formado majoritariamente por pessoas físicas, 
sendo mais fácil se vender as cotas. Além disso, o dinheiro cai rápido na conta, em até dois 
dias úteis.

O prazo é o mesmo da cobrança de uma compra de ações. Por exemplo, se o investidor vende uma 
cota de FII, ele vai conseguir comprar ações com esse dinheiro no mesmo dia.

70% a 75% dos investidores de FII adquiriram cotas há menos 
de um ano. “Esse dado é assustador porque é um mercado formado para novatos, o que torna a 
turbulência maior. O avião começa a balançar e as pessoas acham que ele vai cair”.

“Houve uma adesão muito grande dos fundos imobiliários nos últimos anos, 
mas esse comportamento atrelado à Bolsa de Valores [de muita volatilidade] é algo que muitas 
pessoas não viveram e que pode ser o motivo do efeito manada que estamos vendo”, 

Fonte: Folha

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