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quarta-feira, 1 de abril de 2020

Fundos imobiliários podem suspender pagamentos de dividendos em meio à pandemia?


Fundos imobiliários podem suspender pagamentos de dividendos em meio à pandemia?

Especialistas explicam que suspensão é aceitável, desde que mantido o pagamento de 95% do lucro a cada seis meses

SÃO PAULO – Governadores de vários estados brasileiros vêm tomando a dianteira no combate à pandemia da Covid-19 nas últimas semanas e usando decretos e recursos legais para diminuir a circulação de pessoas nas ruas. Em meio a essas decisões, uma das medidas que vem sendo difundida é o fechamento de todo comércio considerado não essencial.
Entra nessa lista a maioria das lojas de shopping centers. Se de um lado a medida é eficiente para reduzir as taxas de contágio pelo coronavírus, por outro, tem impacto direto no bolso dos lojistas, que já tentam renegociar aluguéis para preservar seus negócios durante o período de quarentena.
Nesse contexto, os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) que têm shoppings centers em seus portfólios são os mais suscetíveis aos impactos econômicos da epidemia, neste primeiro momento. Alguns deles, como Shopping Pátio Higienópolis, XP Malls e Grand Plaza Shopping, já suspenderam a distribuição de rendimentos mensais.
Esse movimento pode gerar dúvidas – e preocupações – nos cotistas. Especialmente investidores pessoa física, que aproveitaram a recente popularização dos FIIs para diversificar portfólios, vendo na distribuição recorrente de proventos isentos de impostos um dos principais atrativos da categoria. Afinal, um fundo imobiliário pode suspender o pagamento periódico de dividendos?
 É preciso entender primeiro que a distribuição de proventos se baseia nos rendimentos de um fundo imobiliário. Desta forma, o imóvel precisa ter renda, que é passível de cair em momentos de crise como este, para atender aos anseios dos cotistas.
Em segundo lugar, é importante lembrar que a lei que rege as regras do setor determina a distribuição de dividendos semestrais. “Criou-se uma praxe na indústria de que a distribuição seja mensal. Mas isso é uma antecipação não obrigatória do pagamento semestral. Então, por cautela, gestores podem nesse momento adotar a postura de suspender esse adiantamento”, diz o professor.
Uma vez que se mantenha dentro do que determina a lei (distribuição semestral de 95% dos resultados do semestre), o fundo tem o direito de adotar a suspensão. Os especialistas consultados para essa matéria consideram, inclusive, uma ferramenta prudente para alguns casos, dependendo da situação financeira e de caixa de cada fundo.
“Apenas passados seis meses, se houver a necessidade do fundo de reter mais do que 5% do lucro caixa e distribuir menos do que o mínimo determinado por lei, é necessário reunir uma assembleia para deliberar sobre o assunto”,

Adaptações em tempos de crise

Gestores de FIIs contam com outras ferramentas para diminuir os impactos dessa crise, que podem preservar ao menos parte dos dividendos semestrais.
Já há alguns fundos, inclusive de shoppings, se movimentando para fazer captações via oferta de esforços restritos, para investidores profissionais. “São colocações para poucos investidores, que em geral já estão próximos da administração dos fundos, e têm liquidez e caixa para aplicar em ofertas como essas”, explica.
E existem outras formas de preservar o caixa às quais gestores já estão recorrendo para minimizar os efeitos nos dividendos. “Uma das primeiras ações que temos visto na indústria é a busca pela redução do custo condominial”, Diminuir os custos de operação e manutenção dos imóveis abre espaço para contas mais equilibradas quando for necessário renegociar aluguéis.
No caso do fundo Vinci Shopping Centers FII,  a diversificação geográfica do portfólio e a posição de caixa confortável permitiram a manutenção da distribuição de provento mensal nesse momento. A política para o mês de março, contudo, foi alterada para garantir alguma rentabilidade aos investidores.
O fundo vai distribuir o equivalente ao resultado da aplicação financeira da cota patrimonial do fundo pelo Certificado de Depósito Interbancário (CDI), líquido de impostos para pessoas físicas.
O valor dos rendimentos deve se situar na faixa de R$ 0,28 a R$ 0,30 por cota e será anunciado nesta terça-feira (31). a parcela de rendimentos pagos ao fim do primeiro semestre de 2020 respeitará a distribuição mínima de 95% dos resultados no período.
O foco na gestão de fundos agora é exatamente minimizar possíveis reduções de dividendos, e também cita a diminuição do custo condominial como uma das primeiras ações para proteger os FIIs de shoppings.
As renegociações de aluguel podem seguir diversos formatos. “Uma negociação não significa, necessariamente, um abono total do aluguel. Pode ser apenas uma postergação”,
As avaliações são feitas caso a caso. Mas isso significa que, num momento de estabilização, alguns contratos renegociados poderiam incluir até pagamento retroativo de eventuais descontos, e não uma isenção total.
Independentemente da posição que cada fundo vai assumir,  que é o de comunicar ao mercado sobre as negociações e possibilidades antes mesmo de as decisões serem tomadas de fato.
“Informação gera valor. Um fundo que divulga a situação do caixa, do ativo e os movimentos que estão sendo feitos diminui a especulação”, observa.

Teste de resiliência

Os FIIs de shopping centers são os mais suscetíveis aos primeiros efeitos da crise que se aproxima, porém não necessariamente são os únicos.
Lembra, por exemplo, dos fundos que têm hotéis em seus portfólios. Menos populares, eles podem sofrer a forte redução na demanda, causada principalmente pelas restrições de viagens.
“Mas também há setores que estão mais protegidos, até pela própria natureza do contrato”. Nesse sentido, os FIIs de galpões de logística, categoria na qual é comum encontrar os chamados contratos atípicos. “Se por um lado o locador não tem muito espaço para subir preços, por outro, as multas rescisórias são altas nesses contratos, garantindo alguma proteção”, diz Bousquet.
“Os contratos com bancos costumam ser longos, então há uma boa expectativa de que eles continuem pagando dividendos.”

sexta-feira, 27 de março de 2020

APRENDA A UTILIZAR A TABELA DE ROSS-HEIDECKE PARA DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

APRENDA A UTILIZAR A TABELA DE ROSS-HEIDECKE PARA DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS

Para melhor entendermos o processo de depreciação de um bem utilizando a Tabela de Depreciação de Ross-Heidecke, temos que conhecer alguns conceitos básicos:
Depreciação: É a perda da aptidão de servir ao fim que o imóvel se destina, provocando a decadência do valor intrínseco do bem.
Vida Útil de um Bem: É o período decorrido entre a data que foi concluída a edificação e o momento em que deixa de ser utilizado devido à necessidade de reformas de grande monta.
Idade Real: Período decorrido entre a data que foi concluída a edificação e a data de referência da avaliação.
Vida remanescente: Tempo estimado entre a data da avaliação e o fim da sua vida útil.
Valor residual: É o valor de demolição ou de reaproveitamento de parte dos materiais ao fim da sua vida útil.
Valor novo: É o custo de reprodução de uma edificação nova através de orçamentos analíticos.
Valor depreciável: É o valor novo menos o valor residual.
A depreciação de ordem física é proporcionada pelo desgaste das várias partes que compõem a edificação e suas causas podem ser devido ao uso, ausência de manutenção ou material sem qualidade e redundam em avarias bruscas e acidentais, deterioração, desgaste constante e decreptude.
Já a depreciação de ordem funcional abrange a inadequação (falhas de projeto e/ou execução), superação (obsoletismo) e anulação (inadaptabilidade a outros fins). Este tipo de depreciação não se enquadra em formulações matemáticas genéricas.
- Aprendendo a utilizar a Tabela Ross-Heidecke:
A Tabela Ross-Heidecke aponta os percentuais de depreciação de um bem, em relação direta ao estado em que se encontra.
Na primeira tabela, encontramos os vários estados de conservação, como: NovoEntre novo e regularRegularEntre regular e reparos simplesReparos simplesEntre reparos simples e importantesReparos importantes e Entre reparos importantes e sem valor, classificados pelos códigos: ABCDEFG e H.
Na segunda tabela, na sua primeira coluna, temos a IDADE EM % DE VIDA, onde encontramos o percentual de vida útil de um bem avaliando, numa escala de 2% a 100%, seguida pelos códigos dos diversos estados de conservação.

Tabela de Ross-Heidecke
para Depreciação de Imóveis
CÓDIGOCLASSIFICAÇÃOCÓDIGOCLASSIFICAÇÃO
ANovoEReparos simples
BEntre novo e regularFEntre reparos simples e importantes
CRegularGReparos importantes
DEntre regular e reparos simplesHEntre reparos importantes e s/ valor
IDADE EM % DE VIDAESTADO DE CONSERVAÇÃO
ABCDEFGH
2,001,021,053,519,0318,9039,3053,1075,40
4,002,082,114,5510,0019,8034,6053,6075,70
6,003,183,215,6211,0020,7035,3054,1076,00
8,004,324,356,7312,1021,6036,1054,6076,30
10,005,505,537,8813,2022,6036,9055,2076,60
12,006,726,759,0714,3023,6037,7055,8076,90
14,007,988,0110,3015,4024,6038,5056,4077,20
16,009,289,3111,6016,6025,7039,4057,0077,50
18,0010,6010,6012,9017,8026,8040,3057,6077,80
20,0012,0012,0014,2019,1027,9041,8058,3078,20
22,0013,4013,4015,6020,4029,1042,2059,0078,50
24,0014,9014,9017,0021,8030,3043,1059,6078,90
26,0016,4016,4018,5023,1031,5044,1060,4079,30
28,0017,9017,9020,0024,6032,8045,2061,1079,60
30,0019,5019,5021,5026,0034,1046,2061,8080,00
32,0021,1021,1023,1027,5035,4047,3062,6080,40
34,0022,8022,8024,7029,0036,8048,4063,4080,80
36,0024,5024,5026,4030,5038,1049,5064,2081,30
38,0026,2026,2028,1032,2039,6050,7065,0081,70
40,0028,8028,8029,9033,8041,0051,9065,9082,10
42,0029,9029,8031,6035,5042,5053,1066,7082,60
44,0031,7031,7033,4037,2044,0054,4067,6083,10
46,0033,6033,6035,2038,9045,6055,6068,5083,50
48,0035,6035,5037,1040,7047,2056,9069,4084,00
50,0037,5037,5039,1042,6048,8058,2070,4084,50
52,0039,5039,5041,9044,0050,5059,6071,3085,00
54,0041,6041,6043,0046,3052,1061,0072,3085,50
56,0043,7043,7045,1048,2053,9062,4073,3086,00
58,0045,8045,8047,2050,2055,6063,8074,3086,60
60,0048,8048,8049,3052,2057,4065,3075,3087,10
62,0050,2050,2051,5054,2059,2066,7075,4087,70
64,0052,5052,5053,7056,3061,1068,3077,5088,20
66,0054,8054,8055,9058,4069,0069,8078,6088,80
68,0057,1057,1058,2060,6064,9071,4079,7089,40
70,0059,5059,5060,5062,8066,8072,9080,8090,40
72,0062,2062,2062,9065,0068,8074,6081,9090,90
74,0064,4064,4065,3067,3070,8076,2083,1091,20
76,0066,9066,9067,7069,6072,9077,9084,3091,80
78,0069,4069,4072,2071,9074,9089,6085,5092,40
80,0072,0072,0072,7074,3077,1081,3086,7093,10
82,0074,6074,6075,3076,7079,2083,0088,0093,70
84,0077,3077,3077,8079,1081,4084,5089,2094,40
86,0080,0080,0080,5081,6083,6086,6090,5095,00
88,0082,7082,7083,2084,1085,8088,5091,8095,70
90,0085,5085,5085,9086,7088,1090,3093,1096,40
92,0088,3088,3088,6089,3090,4092,2094,5097,10
94,0091,2091,2091,4091,9092,8094,1095,8097,80
96,0094,1094,1094,2094,6095,1096,0097,2098,50
98,0097,0097,0097,1097,3097,6098,0098,0099,80
100,00100,00100,00100,0100,00100,00100,0100,0100,0

- Como utilizamos a tabela?
Como a tabela não proporciona uma leitura direta, é necessário que conheçamos a Vida Útil dos Imóveis, estabelecida pelo Bureau of Internal Revenue, para aplicarmos a regra de três simples e descobrirmos a IDADE EM % DE VIDA do imóvel avaliando:

APARTAMENTOS – 60 anos
BANCOS – 70 anos
CASAS DE ALVENARIA – 65 anos
CASAS DE MADEIRA – 45 anos
HOTÉIS – 50 anos
LOJAS – 70 anos
TEATROS – 50 anos
ARMAZÉNS – 75 anos
FÁBRICAS – 50 anos
CONST. RURAIS – 60 anos
GARAGENS – 60 anos
EDIF ESCRITÓRIOS – 70 anos
GALPÕES (DEPÓSITOS) – 70 anos
SILOS – 75 anos

Exemplo prático:
Se a vida útil de um apartamento é estimada em 60 anos, e a idade do mesmo, seja estimada ou real, é de 25 anos, para conhecermos a IDADE EM % DE VIDA deste imóvel, aplicamos a regra de três simples:

60 anos --------- 100
25 anos --------- x

Assim podemos afirmar, que um apartamento com 25 anos de construído, já atingiu 41,67%* da sua vida útil.
Cotejando com seu estado de conservação, eleito pelo Avaliador, no alto da tabela (Códigos: AB, CDEFG e H), identifica-se o percentual de depreciação a ser adotado.
OBS. No exemplo acima o percentual encontradodeve ser arredondado para 42% ( Vide Tabela)
Prof. Marcos Mascarenhas

quarta-feira, 18 de março de 2020

Fundos imobiliários acumulam desvalorização de 21% em 2020

Fundos imobiliários acumulam desvalorização de 21% em 2020


Incertezas acerca do coronavírus influenciam saída de investidores


Além de derrubar o valor das ações, o baque provocado pelo coronavírus
no mercado financeiro afeta também uma das alternativas de investimento mais indicada 
pelos analistas nos últimos meses, 
os fundos imobiliários. Em 2020, em menos de três meses, as cotas dos dois fundos 
mais negociados no mercado brasileiro já devolveram toda a valorização 
de 2019.

XP Malls e HSI Malls – ambos fundos do tipo tijolo (que têm o objetivo de comprar ou 
construir imóveis para alugar e gerar uma renda mensal) e que têm seus investimentos 
majoritariamente destinados em empreendimento de shopping centers– apresentam queda 
de 33% e 32% no ano até agora, respectivamente, nos preços de suas cotas.

O Ifix (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários da B3), acumula queda de 
21% no ano. Em 2019, se valorizou 36%.

O movimento é acompanhado pelos cinco fundos imobiliários mais negociados na 
Bolsa brasileira – todos com retrações de dois dígitos neste ano.

O principal motivo, segundo especialistas, é a maior incerteza em relação ao coronavírus 
– situação que influencia uma corrida à venda de ativos e, consequentemente, 
traz uma volatilidade maior ao mercado e queda nos preços das cotas.

O risco de mercado está diretamente atrelado à oscilação dos preços. Já o risco de 
liquidez é definido pela possibilidade de perda de capital e pela incapacidade de 
liquidar determinado ativo sem perda de valor.

O primeiro impacto deve ser nos fundos de shopping e hotéis, que são mais prejudicados 
pela queda do consumo devido ao coronavírus.

“Quando a expectativa é alterada, impacta o preço da cota dos fundos. Se empresas tiverem 
uma crise mais profunda nos próximos meses, há possibilidade de rendimento menor 
com desocupação de locações”.

Já fundos de aluguéis comerciais tendem a ter um impacto menor, por receberem, 
obrigatoriamente, o valor mínimo do aluguel.

“A duração da crise que vai determinar o impacto nos fundos. 
Se a empresa devolver um imóvel na Faria Lima ou em Cajamar, 
ela não consegue retomar para esses locais depois. As pessoas vão esperar o pico da 
pandemia passar para tomar esse tipo de decisão”, afirma o especialista.

A região da avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, 
abriga o novo centro financeiro do país, com elevados aluguéis. Cajamar, 
no interior de São Paulo, é conhecida como a Faria Lima dos galpões e abriga 
complexos industriais e logísticos de grandes empresas devido a sua localização 
estratégica.
 
Ainda que os fundos mais atrelados à atividade econômica possam sofrer mais, os ativos não devem demorar a retomar o movimento de valorização.

As carteiras de maior risco sofrem mais nesse primeiro momento. 
A incorporação pode custar mais e a rentabilidade pode cair. 

Segundo especialistas, o movimento mais preocupante é o tamanho e a forma que a pressão 
vendedora está ganhando nos mercados.

Operadores do mercado afirmam que muitas pessoas estão vendendo FII porque perderam liquidez 
no Tesouro Direto e não estão conseguindo resgatar de fundos multimercado e de renda fixa, 
que têm de 12 a 120 dias para depositar o resgate. Os resgates seriam tanto uma forma de 
proteção de capital, como alavancagem para aproveitar a baixa da Bolsa e comprar ações.

Os fundos são um mercado mais líquido, formado majoritariamente por pessoas físicas, 
sendo mais fácil se vender as cotas. Além disso, o dinheiro cai rápido na conta, em até dois 
dias úteis.

O prazo é o mesmo da cobrança de uma compra de ações. Por exemplo, se o investidor vende uma 
cota de FII, ele vai conseguir comprar ações com esse dinheiro no mesmo dia.

70% a 75% dos investidores de FII adquiriram cotas há menos 
de um ano. “Esse dado é assustador porque é um mercado formado para novatos, o que torna a 
turbulência maior. O avião começa a balançar e as pessoas acham que ele vai cair”.

“Houve uma adesão muito grande dos fundos imobiliários nos últimos anos, 
mas esse comportamento atrelado à Bolsa de Valores [de muita volatilidade] é algo que muitas 
pessoas não viveram e que pode ser o motivo do efeito manada que estamos vendo”, 

Fonte: Folha

Por que fundos imobiliários resistem melhor que ações ao estresse do coronavírus

Por que fundos imobiliários resistem melhor que ações ao estresse do coronavírus

SÃO PAULO – Em meio à histeria causada pela pandemia de coronavírus, o circuit breaker foi acionado pela primeira vez na B3 em 9 de março. O Ibovespa encerrou aquele dia com queda de 12,16%. Já o Ifix, que reúne os principais fundos imobiliários do país, recuou 3,54%. O sistema voltou a ser acionado dois dias depois, pregão em que o Ibovespa recuou 7,62% – e o Ifix, 1,83%.
Os negócios voltaram a ser interrompidos nesta segunda-feira (16), e o placar ficou em -13,91% para o Ibovespa contra 4,62% para o Ifix. Os resultados são claros: “Eles reforçam como os fundos imobiliários são menos voláteis e mais resilientes que as ações”.
Há motivos objetivos para isso. Um deles é o fato de que o lastro dos FIIs costuma ser formado por imóveis de tijolo, muito mais simples para entender do que o emaranhado de atividades operacionais e financeiras que uma empresa normalmente tem. A razão mais importante, no entanto, se resume em uma outra palavra: previsibilidade.
Avaliar o preço de um ativo – seja uma ação, sejam cotas de um fundo – envolve prever a geração de caixa e os ganhos que ocorrerão no futuro, descontá-los e, assim, estimar o seu valor presente.
Na opinião de Moraes, os resultados de uma empresa podem ser muito suscetíveis a situações de estresse. Com uma redução no consumo, o reflexo nas companhias tende a ser rápido, impactando diretamente a última linha do balanço.
Já os FIIs que alugam seus imóveis, por exemplo, costumam firmar contratos de muitos anos, ao longo dos quais a receita será mantida praticamente igual. “Essa renda, relativamente previsível e constante, ancora os preços. Não faz sentido um fundo imobiliário desabar se acredito que o rendimento do próximo mês vai ser o mesmo do mês passado”, explica.

Crise com impacto positivo sobre os FIIs?

Destacamos que, embora menor, o impacto nas cotas de FIIs existe. Mas as medidas que devem ser tomadas para amenizar os efeitos da pandemia na economia podem ser particularmente positivos para os fundos imobiliários. Uma das possibilidades aventadas no mercado, por exemplo, são novas reduções da Selic, a taxa básica de juros brasileira. “Os FIIs têm uma correlação negativa com os juros. Quando caem, os fundos tendem a valorizar”, diz.
O importante, nesse caso, é lembrar que os rendimentos distribuídos mensalmente pelas carteiras permanecem sendo os mesmos nominalmente.
Diante do desempenho relativamente melhor dos fundos imobiliários, muitos investidores têm se perguntado se é hora de trocar as ações pelos FIIs. Pode ser que sim, mas não há uma resposta única, segundo Moraes.
Para alguns investidores, talvez o mais sensato seja fazer exatamente o contrário. Se o fundo caiu 5%, as ações da Petrobras recuaram 30% e o investidor enxerga uma perspectiva positiva para o setor de óleo o gás, por que não fazer caixa vendendo as cotas para ampliar a posição na petrolífera? “Os dois movimentos são válidos”, diz o especialista.
E o que fazer com o dinheiro novo? “Numa análise por fundamentos, é positivo comprar o que ficou com preço bom. Pode ser um ativo cotado ao preço que vale. Melhor ainda se for um ativo cotado a um preço abaixo do que vale”, diz Moraes.
Esse já é o caso de alguns fundos imobiliários – o que não significa que o mercado inteiro esteja uma barganha. “Nunca sabemos quanto tempo dura uma situação de histeria. Você pode estar coberto de razão, mas contra a maré. E contra a maré não adianta nadar.”
Fundos focados em segmentos como galpões logísticos e torres de escritórios, além dos que investem em certificados de recebíveis imobiliários de empresas de elevada qualidade de crédito (CRIs high grade), seguem com fundamentos interessantes.
Fundos de shopping centers podem sofrer um pouco mais, por conta da redução do movimento. Mesmo assim, é importante lembrar que os aluguéis nesse segmento preveem uma parcela fixa, além da variável (baseada no volume de vendas).
Apresentado por Marcelo Hannud, consultor imobiliário da XP, e por Beatriz Cutait, editora de Investimentos do InfoMoney, o “Banco Imobiliário” 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

O que é blockchain? Como funciona a tecnologia?


O que é blockchain? Como funciona a tecnologia?

Com o sucesso do Bitcoin, a tecnologia por trás da moeda digital vem sendo falada em todos os grandes portais de notícias. Muitas empresas anunciam que estão pesquisando aplicações da tecnologia no seu cotidiano.
E elas tem toda razão, afinal, é uma tecnologia inovadora que pode ajudar em muitos processos diários. Mas por que ela é tão revolucionária? Ao longo desse post você vai descobrir.
Não existe nada de misterioso por trás do Blockchain, por mais que a maioria das pessoas falem que “o nome parece complexo’.

Como funciona?

Olhando pelo lado simples o blockchain nada mais é do que um livro razão público (ou livro contábil) que faz o registro de uma transação de moeda virtual (a mais popular delas é o Bitcoin), de forma que esse registro seja confiável e imutável.
Ou seja, ele registra informações como: a quantia de moedas transacionada, quem enviou, quem recebeu, quando essa transação foi feita e em qual lugar do livro ela está registrada.
Ele armazena essas informações, esse conjunto de transações, em blocos carimbando cada bloco com um registro de tempo e data. A cada período de tempo (10 minutos no blockchain), é formado um novo bloco de transações, que se liga ao bloco anterior.
Os blocos são dependem um dos outros e formam uma cadeia de blocos. Isso torna a tecnologia perfeita para registro de informações que necessitam de confiança, como no caso de uma transação de moeda.
A rede do blockchain é formada por mineradores que verificam e registram as transações no bloco.
Para que isso seja possível, eles emprestam poder computacional para a rede. Como incentivo para continuarem colaborando e tornar a rede sustentável, eles recebem uma recompensa em moeda digital.
O minerador só pode adicionar uma transação no bloco se a maioria simples (50%+1) da rede concordar que aquela transação é legítima. O nome disso é o consenso da rede blockchain. No caso do Bitcoin, o consenso é medido através de poder computacional.
Resumindo, a tecnologia blockchain é um livro contábil público e distribuído que registra todas as transações de moeda virtual em uma cadeia de blocos, que qualquer um pode participar.
Sua distribuição torna o sistema seguro enquanto todos os membros da rede forem honestos. Vamos ver com mais detalhes abaixo.

Como funciona o blockchain?

Ao invés dessas informações ficarem armazenadas em um computador central, no blockchain, essa mesma informação fica armazenada em milhares de computadores espalhados pelo mundo inteiro.
Cada computador da rede detém uma cópia integral do banco de dados, o que torna as informações inseridas nele extremamente seguras e confiáveis, porque não há um ponto único da ataque.
Ou seja, eu não posso ir no computador central do blockchain e roubar os registros de transações e modificá-los. Porque cada computador dessa rede possui um registro dessas informações. Se você tentar modificar o banco de dados de um computador, ele será expulso pelo restante da rede.
Na imagem abaixo, o blockchain é equivalente à figura (C), enquanto a maioria dos bancos de dados é representada pelas imagens A e B. No caso do blockchain, caso uma única estação seja comprometida, a rede continuaria funcionando normalmente com quase nenhum impacto.
exemplo de funcionamento do blockchain para o texto o que é blockchain
Cada computador da rede detêm uma cópia do banco de dados, ou seja, a tecnologia blockchain é uma rede peer to peer. Além disso, eles auditam todas as informações de forma a buscar e eliminar a possibilidade de fraudes.
Todo e qualquer processo de decisão no blockchain é estabelecido através de um consenso de maioria simples. Para que uma informação seja inserida no banco de dados, o consenso da rede de computadores deve reconhecê-la como legítima.
O nome blockchain remete à uma cadeia de blocos que estão interligados e que são dependentes um do outro. Mas como os blocos entraram nessa discussão? É muito simples. As informações são armazenadas em blocos.
Todo bloco tem um resumo de todas as informações inseridas nele, o resumo do bloco é conhecido como Hash. O conteúdo de um bloco é formado por: informação + hash do bloco anterior + hash do bloco.
Conforme mais informações são transmitidas, elas aguardam na fila até serem inseridas em um bloco.
O hash do próximo bloco de informações deve ser compatível com o hash do bloco anterior, quando isso ocorre, os dois blocos se ligam e se tornam dependentes um dos outros. De tal forma que um bloco não pode ser modificado sem o consenso de toda a rede.

Porque é tão difícil atacar o blockchain

Suponha que temos um blockchain que esteja no bloco 99. Temos um hacker que deseja apagar uma transação que está inserida no bloco 0. Como ele faria para tentar atacar esse banco de dados?
Nesse caso ele deveria apagar a transação no bloco 0, controlar a maioria de todos os computadores da rede, ou seja, o consenso da rede e descobrir os hashes dos próximos blocos até o atual (bloco 99).

Ainda vale citar que ele deve fazer isso tudo em 10 minutos, que é o tempo do próximo bloco ser formado. Porque quanto maior essa cadeia de blocos vai ficando, menores se tornam as chances do seu ataque ser bem sucedido. O nome desse ataque é ataque de maioria.
Caso um bloco 100 seja formado durante a sua tentativa de ataque, suas chances de ser bem sucedido diminuem drasticamente até chegarem a 0, porque ele vai ter que começar todo o trabalho novamente até alcançar o bloco 100 antes do restante da rede.
O hacker não poderia simplesmente modificar informações na blockchain sem controlar a maioria da rede.
A possibilidade de ter um banco de dados extremamente segura com informações íntegras torna o blockchain extremamente atrativo para empresas que precisam manter registros permanentes e confiáveis. Ver o vídeo abaixo pode te ajudar:

Como os blocos são formados?

Lembra dos computadores que auditam a rede? Eles não fazem isso de graça. O trabalho deles é minerar os blocos com as informações e formar um hash compatível com o do bloco anterior.
E isso é muito difícil, porque encontrar esse hash requer uma alta frequência de cálculos. O que é perfeito para executar milhares de cálculos rapidamente? Exato, um computador com alto poder de processamento.
No caso do Bitcoin, essas informações registradas no blockchain são as transações, que recebem uma confirmação da rede após o bloco em que elas estão inseridas ser minerado.
Quando esse bloco é minerado, o computador que encontrou o bloco recebe uma recompensa de 12.5 Bitcoins. E não, não dá para minerar bitcoin em casa, desde 2013 isso se tornou inviável.
Então existe um alto custo para atacar um blockchain onde muitos computadores cooperam. De tal forma que o prejuízo seria tão grande que a pessoa que deseja atacar a rede provavelmente iria preferir cooperar com ela para ganhar uma recompensa maior.
Se você se interessou por mineração, nós temos um podcast no qual você pode se aprofundar no assunto de forma divertida:

Como o Blockchain pode ser utilizado na prática?

O Blockchain não é aplicável em todas as situações e negócios. A tecnologia é perfeita para aquelas empresas que precisam registrar informações de forma confiável e transparente.
Por exemplo, o blockchain seria perfeito para uma empresa que deseja vender ingressos infalsificáveis, registro de terras, registro de identidade, contratos, autenticação de documentos e rastreamento de produtos.
Apesar de parecer que estou falando de futuro, todas essas aplicações de Blockchain já existem a já estão funcionando. Em Dubai não será mais possível registrar terras a não ser utilizando Blockchain. A Civic é uma plataforma online que permite o registro de documentos e identidade.
A plataforma do Ethereum permite a criação de contratos inteligentes entre duas pessoas, sem necessidade de intermediário. A OriginalMy, empresa brasileira, também faz autenticação e registro de documentos, como um cartório online baseado em blockchain.
Já existem redes sociais como Minds e Steemit que são baseadas no blockchain do Ethereum, que é a plataforma do Ether, o que torna essas redes perfeitas para garantir a liberdade de expressão de seus usuários.
Ou seja, essas coisas já estão acontecendo e não devem levar muito tempo para ocorrerem em larga escala nas grandes indústrias.
Caso queira se aprofundar no assunto, principalmente em contratos inteligentes, tem um podcast do qual participei, o Conexão Satoshi, que você pode conferir abaixo:
https://soundcloud.com/cointimes/conexao-satoshi-06-o-vingador-do-futuro-ethereum-e-contratos-inteligentes

“Blockchain” privado ou permissionado

Essa tecnologia vem ganhando destaque nos últimos anos. O blockchain é uma tecnologia DLT (Distributed Ledger Tecnology ou Tecnologia de Banco de Dados Distribuídos). Muitas pessoas confundem DLT com Blockchain, sendo que o blockchain é apenas um tipo de DLT.
Nem toda DLT é um blockchain, muitas vezes ela é só uma rede de computadores compartilhando o mesmo banco de dados. Muitas das vezes essas redes são pequenas e centralizadas, o que é oposto do blockchain.
As maiores virtudes da blockchain são: distribuição e descentralização da rede, segurança da imutabilidade dos dados e transparência.
Se você cria um blockchain privado, a sua rede perde todas as características que são justamente o maior destaque da blockchain. Sua rede provavelmente será fraca, centralizada e fácil de subverter.
O consenso do blockchain do Bitcoin é formado por milhares de pessoas e possui um poder computacional gigantesco.
Esse sistema não é controlado por uma pessoa ou empresa, ele é a base do sistema financeiro do Bitcoin, isso torna a blockchain tão confiável. Se eu tenho um registro que pode ser alterado arbitrariamente por uma empresa, ele não é uma blockchain.
Não se deve jamais tentar separar o Blockchain e as Criptomoedas. Um depende do outro para sobreviver. Toda essa estrutura de poder computacional só é possível porque existe um benefício financeiro: as criptomoedas.
Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin, pensou nisso desde o começo do desenvolvimento da tecnologia. Sua engenhosidade torna a tecnologia tão fantástica e inovadora.
Por: Lucas Bassotto